Faço o que amo, amo o que faço!!!

25 de set. de 2014

O poder da Dança



 Imagine um ambiente inóspito. Cheio de pessoas diferentes. De mulheres diferentes. Vindas de toda parte do estado.

 Imaginou?

 Tenho certeza que o cenário que você imaginou não é um Centro de Ressocialização Feminino.

 É?

 Não, né?

 Pois é... nesse ambiente singular, a Dança do Ventre entrou. 

 Ano passado, uma amiga foi convidada a levar para mulheres detentas, uma forma de elevar sua auto estima, de aprender a se valorizar e se respeitar. Ao longo desse ano, em encontros semanais de 1 hora, ela levou seus conhecimentos praquelas mulheres. De diferentes idades, ideais, realidades, mas que tinham em comum a admiração pela Dança do Ventre.

 Passei a acompanhar essa amiga ha alguns meses. E conversando tentávamos não só ensinar os passos, a coreografia, os elementos e instrumentos... tentávamos trazer pra realidade delas um pouco mais de alegria.

 Você pode perguntar se era difícil, pelo ambiente, pelo "tipo" de pessoa que estava lá dentro e, a resposta que tenho pra dar é que o mais difícil é a falta de uma sala com espelho na parede pra fazermos as aulas e ensaios. Tudo é feito no pátio, de cimento no chão, com rádio emprestado, dividindo o espaço com as não alunas que estavam trabalhando. No mais, o comum que vemos em toda escola de dança: alunas que começam mas que não continuam, faltas, desânimos, exageros, tietagem, impaciência e as vezes desentendimentos entre as alunas por causa da cor do traje ou da escolha da música.

 Ontem, fizemos uma apresentação no CR. Várias pessoas de fora da instituição foram convidadas e compareceram.

 Choveu, molhou parte do pátio, o início teve que ser atrasado... o nervosismo das meninas por ser a primeira apresentação... maquiagem, ajuste nos trajes e frio na barriga... todos os que já subiram num palco sabem o que são essas sensações!

 Preparação antes de entrar.... todas de mãos dadas, algumas palavras da professora e minhas (assistente), principalmente motivadoras e de agradecimento!

 Cada uma sabe o porque de estar ali, não no CR,não detidas por terem feito algo contra a lei, mas prestes a se mostrarem como bailarinas, como mulheres lindas que são!

 A música começa! vamos entrando em fila até chegarmos ao palco e dançamos. Quando terminou a coreografia, as alunas pedem pra que fiquemos no palco. Começa uma nova música e elas dançam, uma coreografia criada por elas, de surpresa para as professoras! Que, ficam embasbacadas, de queixo caído!!!

 Para a coreografia, a professora escolheu uma música moderna, trabalhamos com véus, coisa simples. 
 
 Para a nossa surpresa, elas escolheram uma rotina clássica, de 7 minutos. Com taksim, com variações.... uma música que eu nunca teria dançado com menos de 2 anos de aula. 

 Mas foi o que elas fizeram. 

 Algumas tem apenas 3 meses de aulas. Menos até... e criaram uma coreografia!

 Sem sala de aula, sem espelhos nas paredes, com poucos recursos materiais, mas com muitos recursos emocionais!

 Khralissa disse que foi a homenagem mais linda que ela recebeu de alunas.

 Pra mim, foi a prova que Deus está presente até mesmo onde muitos acham que ele não entra. E o orgulho, não só de poder ensinar a elas a beleza da Dança Oriental, mas delas entenderem que o principal é a união de um grupo, o respeito pelas diferenças de cada uma para que a apresentação delas desse certo! E o principal!!!! que elas se divertissem dançando!

 Obrigada às alunas do Centro de Ressocialização Feminino de Rio Claro, por mostrar que mesmo entre as paredes do CR, a alma é livre e a felicidade e bom humor são o que valem!

 Obrigada Deus, por me permitir participar da vida dessas mulheres!

Bjs
Namastê
Si Nefertari

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